sexta-feira, 18 de março de 2011

O monopólio norte-americano nas HQ

Ilustrações com textos já ocorriam com certa intensidade na Europa – principalmente na França, Itália e Inglaterra –, mas foi nos EUA que os quadrinhos ganharam força e se desenvolveram. A concorrência entre os jornais New York World e Morning Journal – respectivamente, de Joseph Pulitzer e William R. Hearst – foi um dos impulsos para a consolidação desse tipo de produção na América.

"Yellow Kid", de Richard Outcault, uma das primeiras HQ impressa em cores. 


Em 1893, um suplemento de domingo do New York World começou a editar a história “Down Hogan's Alley”, desenhada por Richard Outcault, que após testes de cor na camisa do personagem central ficou conhecido como “Yellow Kid”. Richard Outcault, porém, foi trabalhar posteriormente para o Morning Journal. Pulitzer, em contrapartida, não perdeu tempo e introduziu “Os Sobrinhos do Capitão”, de Rudolph Dirks, às páginas de seu jornal.
Em 1912, surgiram nos EUA os Syndicates, agências especializadas em fornecer matérias diversas de entretenimento. Estas agências possuem os direitos sobre os trabalhos dos desenhistas – de venda e distribuição – e veiculam as historietas, emitindo matrizes dentro e fora do território norte-americano. Além disso, ainda são responsáveis pelo código de ética das HQ.
Houve, aí, a proliferação de estilos que extrapolaram a vertente humorística – foram estreadas tiras intelectualizantes, ideológicas, etc. E com a emissão de matrizes de tiras diárias, houve também uma redução de custo em relação ao artista que vendia o trabalho diretamente aos veículos. Por isso, existem tantas HQ norte-americanas pelo mundo – elas são de baixo custo e chegam prontas para impressão. Foi a partir da tira diária, então, que os quadrinhos norte-americanos reforçaram sua influência. É o caso do que ainda hoje acontece no Brasil com os Estúdios Disney, que recheiam o mercado brasileiro com suas produções – que vão muito além das HQ – e, por conseguinte, incutem a cultura e os hábitos norte-americanos ao Brasil.
As décadas de 20 e 30, por sua vez, foram marcadas pela presença de títulos como “Tarzan”, “Dick Tracy”, “Príncipe Valente” e “Super Homem”. Todavia, após a 2ª Guerra Mundial, ocorreu o declínio dos quadrinhos nos EUA, devido a três fatores distintos. Em primeiro lugar, os leitores estavam fartos de guerras, conquistas e massacres, por causa da guerra real que tiveram que enfrentar. O segundo fator foi o lançamento do livro Sedução dos Inocentes, do Dr. Frederic Wertham, no qual ele defendia que os quadrinhos eram prejudiciais à mente das crianças e, por consequência, à sociedade. E por último, o que também contribuiu, nesse período, para o declínio da HQ foi a lista negra criada por um senador, que culminou numa perseguição de grandes nomes – inclusive quadrinistas –, além da criação de um novo código de ética exercido pelos Syndicates, que tacitamente endureceu a censura.

"Peanuts", de Charles Schultz: as HQ passam por transformações e se tornam mais introspectivas.
A fim de contornar tal censura, a partir de 1950 as HQ se tornam mais introspectivas – é, portanto, o momento do quadrinho intelectual, bem representado por “Pogo”, de Walt Kelly, e por “Peanuts”, de Charles Schultz. Já nos anos 60, o movimento hippie gera a fase underground da HQ, que aborda temas tabus, como sexualidade, drogas, consumismo, dentre outros. A princípio, o movimento surgiu como contraste aos Syndicates, todavia, ironicamente foi criado em 1966 o Underground Press Syndicate e, no fim das contas, nem o movimento marginal conseguiu fugir das regras impostas por estas instituições.

Um comentário:

  1. Eu acho que o texto está muito bom, mas você está falando muita coisa em um único post. Cada uma das fases da HQ dos EUA daria um post diferente e aí você poderia explorar melhor cada uma delas. Pense nisso.

    Cuidado com os itálicos. Você começou colocando nos nomes dos jornais, depois desistiu e também não colocou no nome do livro. Padronize.

    Por fim, tem algum link bacana com alguma galeria de imagens das histórias que você citou? Valeria dar estes links no meio do texto.

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